'Nas cidades olhamos os sinais e as faces para nos aproximarmos ou recolhermos, para pararmos ou avançarmos, normalmente com o olhar preparado para a reacção rápida. O grande perigo é sermos atropelados ou termos um mau encontro com alguém. Tudo tem nomes, contornos e sentidos adjacentes. Mas posso intentar ver de modo divergente. E quando, numa rua, vejo uma pessoa a vir cruzar o meu caminho, não me interessa se a reconheço ou não, gosto de a ver crescer ao aproximar-se, ver a cabeça e os pés cada vez mais a afastarem-se entre si, e de repente, ficar do meu tamanho e passar... Por isso estou atento a como posso ver, usando todo o corpo.'
{texto: João Queiroz, 'Ao que eu atento', Catálogo 'Silvae', Culturgest, 2010}
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